Esquiva experiencial e comportamental

Muitos de nós ficamos emaranhados e fundidos com nossas experiências internas (sensações, pensamentos, sentimentos). Sem perceber, julgamos algumas dessas experiências de modo negativo e desejamos que elas sejam diferentes do que são ou desejamos que elas não aconteçam mais. Ao mesmo tempo, acreditamos que essas experiências são verdades permanentes e nos definem, em lugar de vê-las apenas como mais um episódio passageiro ou apenas como mais uma experiência.

Como exemplo disso, podemos citar a ansiedade. Quando nos sentimos ansiosos, em vez de simplesmente sentir a ansiedade, nós sentimos ansiedade, não gostamos de senti-la e desejamos que ela desapareça. Ou, ainda, nos consideramos, definitivamente, como uma pessoa ansiosa. A partir daí, nos esforçamos muito para tentar controlar, modificar ou evitar essa experiência de ansiedade (esquiva experiencial).

Seja no caso da ansiedade ou de qualquer outra experiência desafiadora, desconfortável ou carregada de sofrimento, é compreensível optarmos pela esquiva experiencial. O que ocorre é que os caminhos escolhidos na tentativa de nos livrar do sofrimento são justamente aqueles que nos levam na direção dele e que contribuem para aumentar ainda mais as sensações, os pensamentos e sentimentos relacionados a ele. Esses caminhos não levam à solução dos problemas que causam o sofrimento.

Essa esquiva experiencial acaba levando à evitação comportamental, ou seja, começamos a restringir nosso comportamento, perdendo oportunidades de convivência, de aprendizado e de vivenciar outras experiências que poderiam ser satisfatórias e melhorar nossa qualidade de vida.

As terapias de 3ª geração da Psicologia propõem caminhos que conduzem à redução do sofrimento e à solução dos problemas, porque ajudam a lidar melhor com essas experiências da vida. Por meio de práticas de mindfulness e aceitação o paciente toma consciência desses processos e vai se comprometendo com a mudança e o aprendizado de novas habilidades.

 

Referências:

LUCENA-SANTOS, P.; PINTO-GOUVEIA, J. & OLIVEIRA, M. S. (Orgs.). Terapias comportamentais de terceira geração: guia para profissionais. Novo Hamburgo: Synopsys Editora, 2015.

ROESMER, L. & ORSILLO, S. M. A prática da terapia cognitivo-comportamental baseada em mindfulness e aceitação. Porto Alegre: Artmed, 2010.

SABAN, M. T. Introdução à Terapia de Aceitação e Compromisso. Editora Artesã: Belo Horizonte, 2015.

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